Observação das nuvens -  Parte do CapVII do livro IMO

 

Cap. VII - Observação das nuvens. - Aspecto das nuvens. - Observação das nuvens. - Nebulosidade. - Formas das nuvens. - Identificação do género das nuvens. - Altura da base das nuvens. - Movimento das nuvens. - Observação nocturna das nuvens. - Efeitos orográficos.

Uma nuvem pode ser definida como um conjunto visível de minúsculas partículas de água no estado líquido ou no estado sólido, ou nos dois, em suspensão na atmosfera. Este conjunto pode incluir partículas maiores de água líquida ou de gelo. Podem também estar presentes partículas sólidas e mesmo líquidas não aquosas, e partículas sólidas tais como as que se encontram nos vapores industriais, fumos ou poeiras.

 

VII - 1 - Aspecto das nuvens

 

O aspecto de uma nuvem é determinado pela natureza, dimensões, número e distribuição espacial das partículas que o constituem. Depende também da intensidade e cor da luz recebida pela nuvem, assim como das posições relativas do observador e da fonte luminosa, em relação à nuvem.

 

A melhor maneira de descrever o aspecto de uma nuvem é objectivar as suas dimensões, forma, estrutura, textura, luminância e cor da nuvem. Comecemos por considerar a luminância e a cor das nuvens.

 

a) Luminância

 

A   Luminância   (brilho)   de   uma   nuvem  é   determinada   pela  luz reflectida,   difundida   e   transmitida   pelas   partículas   que    a constituem.

 

A luz na sua maior parte, vem directamente da fonte  luminosa ou do Céu. Pode também vir da superfície do  Globo,  sendo  particularmente  forte quando se trata da luz do Sol ou da sua reflectida por um  campo  de  gelo  ou de neve.

 

A luminância de uma nuvem pode ser modificada pela  presença de bruma. Pode também sê-lo por fenómenos ópticos, tais como  halos,  arco-íris, coroas, glórias1, etc..

Durante o dia, a luminância das nuvens é suficientemente elevada  para  ser  fácil observá-las. Numa noite de luar, as  nuvens  são  visíveis  quando  mais  de  um quarto da Lua se encontra iluminado. Numa noite  sem  luar,  pelo  contrário,  as  nuvens são geralmente invisíveis.

 

Em zonas de iluminação artificial suficiente as nuvens  são  visíveis  à noite. Um banco de nuvens  iluminado  deste  modo  pode  constituir  um  fundo  brilhante, contra o qual sobressaem, em relevo escuro, fragmentos de nuvens mais baixas.

         

  

b) Cor

Uma vez que as nuvens difundem, com intensidade quase  igual,  a luz de todos os comprimentos de onda, a cor  das  nuvens depende principalmente da luz incidente.

 

No  caso  de  existir  bruma  entre  o  observador  e  a  nuvem,  as  cores  podem modificar-se, havendo a tendência para dar às nuvens uma aparência de distantes e uma coloração amarela, laranja ou vermelha.  Fenómenos  luminosos especiais podem também influenciar a cor das nuvens.

 

Quando o Sol está suficientemente acima do horizonte,  as  nuvens  ou  partes de nuvens que difundem principalmente a luz do Sol, são brancas ou cinzentas.  As partes das  nuvens  que  recebem  luz  principalmente  do Céu  azul,  são  de  um cinzento azulado. Quando a iluminação proveniente do Sol e do Céu é extremamente fraca, as nuvens tendem a tomar  a  cor da superfície subjacente. A cor das nuvens varia com a altura e a posição destas  em  relação ao observador e ao Sol. 

 À noite, a luminância das nuvens é geralmente demasiado fraca para se ver a cor. Todas   as   nuvens   perspectivas   parecem   negras   ou  cinzentas,   excepto   as iluminadas pela Lua, que tomam um  aspecto  esbranquiçado.  No  entanto,  uma iluminação especial (fogos, luzes de  grandes  cidades)  pode,  por  vezes, dar  a certas nuvens uma coloração mais ou menos nítida.

 

VII - 2 - Observação das nuvens
 

A observação das nuvens, desde que seja completa, rigorosa e correcta, fornece uma grande quantidade de informações sobre a estrutura da atmosfera. Fornece também informações de utilidade para a previsão da evolução do estado do tempo.

 

A observação das nuvens divide-se em cinco partes:

           a) estimativa da quantidade das nuvens ou nebulosidade

           b) identificação das formas das nuvens

           c) medição ou estimativa da altura da base das nuvens

           d) determinação da direcção de onde vêm as nuvens

           e) medição da velocidade de deslocação das nuvens,

               de que se trata a seguir.

 

VII - 3 - Nebulosidade

 

A unidade de quantidade das nuvens é o oitavo. Esta unidade é um oitavo do Céu.

 

A escala usada para registar a quantidade de nuvens é a que se reproduz na tabela que segue:

Código numérico            Nebulosidade

                         0                                      Nenhuma

                         1                                      1/8, ou menos, mas não zero

                         2                                      2/8 de Céu coberto

                         3                                      3/8 de Céu coberto

                         4                                      4/8 de Céu coberto

                         5                                      5/8 de Céu coberto

                         6                                      6/8 de Céu coberto

                         7                                      7/8 ou mais, mas não inteiramente coberto

                         8                                      Céu completamente coberto

                         9                                      Céu    obscurecido    (por    exemplo,    por

nevoeiro), ou impossibilidade de avaliar  a quantidade das nuvens (devido à escuridão)

Os "vestígios" de nuvens devem ser indicados pelo número de código 1. Este número utiliza-se para quantidades até 1/8, (mas inferiores a 3/16).

 

"Encoberto, mas com abertas" deve ser indicado pelo número 7. Este número deve ser utilizado para quantidades de, pelo menos, 7/8, (mas mais do que 13/16).

 

A quantidade das nuvens deve ser avaliada supondo que as nuvens existentes se encontravam juntas umas às outras, formando uma camada contínua. Primeiro divide-se o céu em quatro em quatro quadrantes, por meio de diâmetros perpendiculares. Avalia-se separadamente a quantidade existente em cada quadrante e depois somam-se as quatro quantidades.

 

É também necessário avaliar a quantidade das nuvens de determinada forma ou tipo, tais como nuvens baixas. Ao fazê-lo, a área ocupada por todas as outras formas ou tipos de nuvens, visíveis no momento, deve ser considerada como se fosse Céu azul.

 

Quando se pode ver o Sol ou as estrelas através do nevoeiro, poeira, fumo, etc., e não há provas de existência de nuvens, o número de código utilizado é 0. Quando se observam nuvens através de nevoeiro ou outros fenómenos, a quantidade deve ser avaliada do modo como as circunstâncias o permitirem.

 

VII - 4 - Formas das nuvens

 

A identificação das formas das nuvens não é fácil, dado que há uma transição gradual entre os diversos tipos de nuvens. A melhor maneira de fazer observações correctas das nuvens é manter uma vigilância, tanto quanto possível constante, sobre a sua evolução. Não basta fazer simplesmente um exame breve ao Céu à hora da observação.

 

O estudo das diversas formas das nuvens deve ser acompanhado de uma observação contínua de fotografias de nuvens. Quando se tenta identificar nuvens no Céu, é necessário, em caso de dúvida, ter sempre em consideração a sua definição correcta e examinar as fotografias correspondentes.

 

Já anteriormente se tratou da classificação das nuvens, assim como das definições das diversas formas das nuvens. (ver Tábua III.1.).

Apresentam-se, de seguida, algumas das características utilizadas para identificar as formas das nuvens mais importantes
VII - 5 - Identificação do género das nuvens

 

Algumas das características utilizadas na distinção dos diversos géneros de nuvens são as seguintes:

 

(a) Cirro (Ci)

 

(i) Andar

(ii) Definição

 

Superior

Nuvens isoladas - filamentos brancos e  delicados  bancos ou  faixas  estreitas  brancas ou quase brancas - aspecto fibroso ou sedoso.

 

     (iii) Constituição física

Estas nuvens são constituídas por cristais de aspecto gelo. Quando  se  apresentam  em   bancos podem    ter    espessura suficiente para obscurecer   o   Sol.   São   sempre   brancas quando o Sol está suficientemente  acima do horizonte.

                                                                                                                                                        

     (iv) Principais diferenças entre os Ci e outras nuvens

Ci e Cc - Os  cirros  (Ci)  têm  um aspecto predominantemente fibroso ou. sedoso - Não incluem pequenos elementos  nebulosos  em  forma  de  grãos,  nem  apresentam pregas, etc..

 

 Ci e Cs - Os cirros (Ci) têm uma estrutura descontínua.

- Quando   se   apresentam   em   bancos  ou faixas, os Ci têm menor extensão horizontal ou partes contínuas estreitas.

- Frequentemente    é    difícil   distingui-las, quando próximas do horizonte.

 

Ci e Ac  - As nuvens Ci são  mais  sedosas ou fibrosas.

Ci e As - As nuvens Ci  têm  menor extensão horizontal e  quase  sempre  um  aspecto branco.

                                                                    

(v) Formação

No ar limpo formam-se  muitas  vezes  tufos de   Ci.  Estes  podem  também   resultar  da transformação  de  Cs  não  uniformes, por evaporação     das     suas     partes     menos espessas

(b) Cirrocúmulo (Cc)

     (i)Andar

     (ii) Definição

Superior                            

Banco, lençol ou camada delgada de nuvens brancas,  sem  sombras  próprias, constituídas   por   elementos   muito   pequenos   em forma de grãos, de pregas,      etc.;  ligados  ou não,  e  dispostos  mais  ou  menos  regularmente; a maioria dos elementos  tem  largura aparente inferior a um grau

 

    (iii) Constituição física e aspecto.

 

Estas nuvens são constituídas quase exclusivamente por cristais de gelo. Podem  existir gotículas de água sobrefundidas,  mas  em regra passam              rapidamente a cristais de gelo. Podem   apresentar-se  em  bancos   com   a           forma de lente ou amêndoa.  Raramente, os elementos   são   pequenos   tufos. Sempre suficientemente pouco espessos para revelarem a posição do Sol ou da Lua. Observam-se por vezes irisações2 ou. uma coroa3

 

    (iv)Principais diferenças entre Cc e outras nuvens

 

Cc e Ci - Ver Ci

 Cc e Cs - Dividido em elementos menores.

 - Podem incluir partes fibrosas ou sedosas mas estas não são predominantes.

Cc e Ac - A    maioria    dos   elementos   é menor do que os dos Ac (inferior a 1 grau) e sem  sombra própria.

 

 

     (v) Formação

 

Os Cc podem formar-se no ar limpo. Os  Cc podem também resultar de uma  transformação de Ci ou Cs, ou de  uma  diminuição  de dimensões dos elementos de  uma  formação de Ac

(c) Cirrostrato (Cs)

        (i) Andar

      (ii) Definição

Superior

Véu nebuloso transparente e esbranquiçado, de aspecto fibroso ou  liso, que cobre  total ou   parcialmente   o   Céu.   Pode   produzir fenómenos de halo4.

 

       (iii) Constituição física e

 

Esta nuvem é constituída principalmente aspecto cristais   de   gelo.  Pode   apresentar-se   em forma de véu fibroso  com estrias finas,  pode assemelhar-se a  um  véu  nebuloso. A orla  pode  ser  às  vezes  bem  nítida, mas  é mais frequentemente franjada  de  cirros. Os Cs nunca são suficientemente espessos  para impedir os objectos no solo de dar sombras .Os  Cs   ténues   produzem   frequentemente fenómenos de halo. Às  vezes,  o   Cs  é  tão ténue, que  o halo constitui a única  indicação da sua presença.

 

(iv) Principais diferenças entre Cs e outras nuvens

Cs e Ci Ver Ci.

Cs e Cc - O Cs não apresentam  características tais, como  grãos,  pregas etc.

Cs e As - O Cs é menos espesso do que os As, e pode apresentar fenómenos de -halo.

- A lentidão na variação de espessura  aparente são características dos  Cs, constituem  indícios  úteis  para  a  distinção entre Cs e As ou St

Cs e St - O Cs é esbranquiçado em  toda  a extensão e tem um aspecto fibroso.

Cs e Bruma seca - O Cs  distingue-se  da bruma seca porque esta é opalescente ou tem uma cor entre amarelo sujo e acastanhado. - - Às vezes é difícil  distinguir  os  Cs atravessada bruma seca.

 

 

         (v) Formação

 

Os Cs  formam-se  em  resultado  da  subida lenta de camadas de ar,  de  grande extensão horizontal, para níveis suficientemente altos. Podem também resultar da junção de  Ci  ou de  elementos  de  Cc. Além  disso,   os   Cs podem resultar do adelgaçamento de  As  ou do espraiamento da bigorna de um Cb.

(d) Altocúmulo (Ac)

        (i) Andar

        (ii) Definição

Médio

Banco, lençol ou camada de nuvens brancas ou   cinzentas,   geralmente   com    sombras próprias, constituídas  por  lâminas,  massas globulares, rolos, etc., às vezes parcialmente fibrosos ou  difusos,  ligados  ou  não. A maioria  dos elementos   dispostos   regularmente têm largura aparente entre um  e cinco graus.

 

 

       (iii) Constituição física

Estas  nuvens  são  parcialmente compostas por gotículas de água sobrefundidas. Podem verificar-se camadas de  altocúmulos  a  dois ou mais níveis e com transparência bastante variável Observam-se     frequentemente irisações ou uma coroa no Ac.

 

 

        (iv) Principais diferenças entre Ac e outras       nuvens

 

Ac e Cc - Se as  nuvens  tiverem   sombras próprias são, por definição, Ac, mesmo que os   seus   elementos   tenham   uma  largura aparente inferior a 1 grau.

 - As nuvens sem sombra própria são Ac se a largura aparente  da  maioria  dos  elementos regularmente dispostos for superior a 1 grau e inferior a 5 graus.

Ac e As - Ac se houver qualquer indício de presença  de  lâminas,   massas   globulares, rolos, etc..

Ac e Sc - Se   a   maioria   dos    elementos regularmente  dispostos   tiver  uma   largura aparente de 1 a 5 graus, a nuvem é Ac.

 

 

(v) Formação

 

Os Ac formam-se frequentemente na orla  de uma  camada  extensa  de  ar ascendente,  ou como resultado da turbulência ou convecção no andar médio.

Os   Ac   podem   resultar   do   aumento   de dimensões  ou  do  espessamento  de alguns elementos, pelo menos, de um lençol de  Cc ou da transformação de As ou Ns.

Os   Ac   formam-se   muitas   vezes    como resultado do espraiamento de Cu ou Cb.

 

(e) Altostrato (As)

       (i) Andar

(ii) Definição

Médio

Lençol ou  camada  de  nuvens  acinzentadas ou azuladas de aspecto estriado,  fibroso  ou uniforme, que cobre total ou parcialmente  o Céu  e  tem  porções suficientemente  ténues para que se veja  o  Sol,  pelo  menos  vagamente, como através de vidro  despolido.  O altostratos não produz fenómenos de halo.

 

 

     (iii) Constituição física e aspecto

 

Os  altostratos  (As)   são   constituídos   por  gotículas de água e cristais de gelo, gotas de chuva e flocos  de  neve. Os  As  formam-se quase sempre em resultado  da  subida  lenta de   camada   de   ar,   de   grande   extensão horizontal, para níveis suficientemente altos.  Nos trópicos, os altostratos (As) resultam às vezes do espraiamento da  porção  média  ou superior de um Cb. Podem também  resultar de um Ac em  camada  ou  do  aumento da espessura de um Cs em véu.

 

 

(iv) Principais diferenças nuvens

 

As e Cs - Os altostratos (As)  impedem  os objecto no   solo   de   darem   sombra,   e apresentam  o  efeito  do  vidro    despolido, enquanto os  Cs  apresentam  fenómenos  de halo.

 

As e Ac ou SC - Os    altostratos    distinguem-se pelo seu aspecto mais uniforme.

As e Ns - Os     altostratos     têm    sempre porções mais ténues que podem deixar ver o Sol.

- Os    altostratos    têm   também   uma   côr cinzenta  mais  clara  e  a  superfície  inferior geralmente menos uniforme do que Ns.

 - Quando, em noites sem  luar,     dúvidas, trata-se de altostratos se não houver  precipitação de chuva ou de neve.

 

 

(v) Formação

 

Os altostratos (As) resultam, na maioria  dos casos, da subida lenta de camadas de  ar,  de grande   extensão   horizontal,   para   níveis suficientemente altos. Os  altostratos  podem também resultar do espessamento de Cs  em véu ou do adelgaçamento de Ns em camada.  Às vezes resultam  do  espraiamento  de  um Cb   ou   geram-se   a  partir  de  um  Ac  em camada.

 

(f) Estratocúmulo(Sc)

(i)               Andar

(ii)             Definição

Inferior

Banco,    lençol    ou    camada   de   nuvens cinzentas ou esbranquiçadas, ou cinzentas e esbranquiçadas, quase sempre com porções escuras,    constituídas    por    massas    em mosaico, glóbulos,  rolos,  etc.,  de  aspecto não fibroso (excepto quando virga),  ligadas ou não. A maioria dos  pequenos  elementos dispostos regularmente têm largura  superiora 5 graus.

 

 

       (iii) Constituição física e aspecto

 

Estas nuvens são constituídas principalmente  por  gotículas  de  água.  As   dimensões, espessura e forma dos elementos são muito variáveis. Têm também  uma  transparência bastante variável.

 

        (iv) Principais diferenças entre Sc e outras nuvens

Sc e Ac - Se a maioria dos elementos regularmente dispostos tiver largura superior  a 5 graus, a nuvem é Sc.

Sc e As, Ns ou St - Indícios da presença de elementos demonstram ser Sc.

Sc e Cu - O     Estratocúmulo     (Sc)     tem  geralmente   os   elementos   em   grupos  ou bancos e com topos achatados.

 - Quando os topos dos  Sc  têm  a  forma  de cúpulas,  assentam  (ao  contrário  dos   Cu)  numa base comum.

 

        (v) Formação

- Os Estratocúmulo (Sc) formam-se    frequentemente  pelo  espraiamento  de Cu  ou   Cb.

Resultam  também    de     turbulência     ou convecção junto à base de Ns ou As. 

Podem  também  formar-se  como  resultado da  elevação  de  estratos  (St)  em   camada. 

Podem   também   resultar   do   aumento  de dimensões    de,     pelo     menos,     alguns elementos de Ac.

                                                                                                                          

(g) Nimbostrato(Ns)

        (i) Andar

     (ii) Definição

Pode  formar-se  nos   andares   inferior   ou médio, mais geralmente no inferior.

Camada  nebulosa  cinzenta,   muitas   vezes sombria. O  aspecto   torna-se   difuso   pela queda mais ou  menos contínua de chuva ou neve. É suficientemente espesso,  em  todos os pontos, para ocultar o Sol. Por baixo  da camada,   existem   frequentemente   nuvens baixas esfarrapadas, ligadas ou não a ela.

 

      (iii) Constituição física e aspecto

Esta nuvem  é  constituída  por  gotículas  de água,  gotas   de   chuva,   flocos   de  neve, cristais   de   gelo   ou  uma  mistura   destas partículas. O Ns forma-se,  frequentemente,  em resultado da subida lenta de  camadas  de ar,    de    grande    extensão,    para    níveis suficientemente altos. Pode também  resultar do   espessamento   de   As. O  Ns forma-se também, às vezes, pelo espraiamento de Cb.

 

      (iv) Principais diferenças entre Ns e nuvens

Ns e As - Ver  As.

Ns e Ac ou Sc -   O Ns não tem  elementos com   contornos   nítidos,   nem   uma   base nítida. 

Ns e St - O  Ns  produz  chuva   ou   neve,  enquanto a precipitação de St é em forma  de chuvisco.

Ns e Cb - Quando  o  observador  está  por  baixo  de  um  Cb  com  aspecto  de  Ns,  os relâmpagos, trovões ou saraiva identificam a nuvem como Cb.

 

      (v) Formação

O  Ns  forma-se   mais   frequentemente   na subida  lenta  de  camadas  de  ar,  de grande extensão horizontal,  para  níveis  suficientemente  altos.   Pode   também    resultar    do espessamento de As, ou raramente de Sc  ou Ac.    ocasiões  em  que  se   forma   pelo espessamento de Cb.

 

(h) Estrato (St)

      (i)Andar

      (ii) Definição

Inferior

Camada nebulosa,  geralmente  cinzenta,  de base bastante uniforme. Quando se vê o  Sol através da camada, o contorno  é  nítido.  Às vezes  os  St  apresentam-se  em   forma   de bancos     esfarrapados.     A     precipitação, quando existe, é sob a forma de chuvisco

 

       (iii) Constituição física e aspecto

Os   St   são,   em   regra,  constituídos   por pequenas    gotículas    de    água.    Quando espessos,    podem    conter    gotículas    de chuvisco,   prismas   de   gelo  ou  neve  em grãos. Geralmente apresentam-se  uniforme, com base baixa. Podem ser  tão  ténues  que permitam distinguir  nitidamente  o contorno do Sol ou a Lua.

 

       (iv) Principais diferenças    entre St e nuvens semelhantes

St e As - Os St não esbatem o contorno  do Sol.

St e Ns - Os St têm  geralmente  uma  base uniforme  e  bem  definida.  Os  St  têm   um aspecto "seco" que contrasta  com  o aspecto "molhado" do  Ns.  Quando  acompanhados de   precipitação   distinguem-se  facilmente,  porque os  St    dão  precipitação  fraca de chuvisco.  

St e Sc - Os  St  não  revelam  indícios   da presença de elementos, ligados ou não.

St e Cu - Os St  em  fragmentos  esfarrapados são menos brancos e menos  densos,  e,  têm menor extensão vertical.

 

         (v) Formação

Os   estratos   em    camadas    resultam    do arrefecimento das  camadas  mais  baixas  da atmosfera.   Podem   também   formar-se  St esfarrapados,     em     forma     de    nuvens acessórias,    por    efeito    da    turbulência,  quando   o    ar    fica   mais   húmido    pela precipitação proveniente de As, Cb,  Ns  ou Cu.

Os  St  podem  resultar  de   Sc,   quando   a superfície dos Sc desce, ou  perde,  o relevo ou subdivisões  aparentes.  Um  mecanismo vulgar da formação de St,  é  a  subida  lenta de    uma     camada     de     nevoeiro,     por aquecimento   da   superfície   do   Globo ou aumento da velocidade do vento.

 

(i) Cúmulo (Cu)

(i)         Andar   

          (ii) Definição

Inferior

Nuvens  isoladas,  geralmente  densas  e  de contornos nítidos. Desenvolvem-se verticalmente   em  forma  de  montículos,  cúpulas,  torres,  etc.,  cuja   região   superior   parece muitas vezes  uma  couve-flor.  As  porções iluminadas pelo  Sol  são  quase  sempre  de um  branco  brilhante,  enquanto  a   base   é realmente sombria, e sensivelmente horizontal.   Estas   nuvens   (Cu)   são,   às   vezes,  esfarrapadas.

 

       (iii) Constituição física e aspecto

Os cúmulos são principalmente  constituídos por gotículas  de   água.   Podem   formar-se cristais  de gelo  nas  porções  da nuvem em que  a  temperatura  seja  bastante  inferior  a 0 oC.

Os  cúmulos  (Cu)  podem  variar  muito  de extensão vertical,  podendo  ter  um  aspecto achatado ou chegar  a  parecer  uma  enorme couve-flor    precipitação    em    forma    de aguaceiros.  Pode  às  vezes  formar-se   um cúmulo   esfarrapado   de   mau  tempo,  por baixo    de    um    grande     cúmulo      com precipitação.

 

           (iv) Principais diferenças  entre Cu e nuvens semelhantes

Cu e Sc   -   Devem    classificar-se    como cúmulo enquanto os topos  tiverem  a  forma de cúpula e as bases não estiverem ligadas

Cu e As ou Ns - Se  a  precipitação for do tipo aguaceiros, a nuvem é um cúmulo.

Cu e Cb  -   Enquanto    todas    as    partes superiores tiverem contornos bem nítidos,  e não aparecer textura  fibrosa  ou  estriada,  a nuvem é cúmulo. Se  vier  acompanhado  de relâmpagos,   trovões   ou   saraiva, então  é Cb.

 

          (v) Formação

Os cúmulos  (Cu)  formam-se  em  correntes de convecção, que se estabelecem  quando o gradiente  vertical    da    temperatura     nas camadas inferiores da  atmosfera  é  bastante forte.  Tais  gradientes  podem   resultar   de vários   mecanismos,   dos   quais  ou   mais vulgares são:

-          Aquecimento de  ar  junto  à  superfície do Globo.

-          Arrefecimento ou advecção de camadas  de ar frio com expansão vertical.

-           Subida de  camadas  de  ar  com  expansão vertical.

 

(j) Cumulonimbo (Cb)

          (i) Andar

          (ii) Definição

                                           (i) Andar  (ii) Definição

Inferior

Nuvem  densa  e  forte  de  grande  extensão vertical, em forma de montanha ou  enormes torres. A  região  superior,  pelo  menos  em parte, é, em regra, lisa, fibrosa  ou  estriada, e quase sempre achatada. Esta parte espraia-se frequentemente em forma de bigorna  ou  grande penhacho.

 

 

         (iii)Constituição física e aspecto                            e aspecto

 

O   cumulonimbo  Cb)   é   constituído    por gotículas   de  água,  e,  sobretudo  na  parte superior,   por   cristais   de   gelo.   Contém também grandes gotas  de  chuva  e,  muitas
 vezes, flocos de neve, neve  rolada,  granizo ou   saraiva.  Muitas   vezes   as   dimensões horizontais   e   verticais   do   Cb   são    tão grandes,   que      se   pode   ver  a   forma característica    da    nuvem,   em   conjunto,  quando observada a distância considerável

 

        ( iv) Principais diferenças entre Cb e nuvens                                          semelhantes

Cb e Ns - Quando  cobre  grande  parte  do Céu, pode facilmente confundir-se com Ns. Se  a  precipitação  for   em   aguaceiros   ou acompanhada    de    trovões,    saraiva     ou relâmpagos,  considera-se  que  a  nuvem   é Cb.

Cb e Cu - Quando uma parte, pelo  menos,  da   região   superior,    perde   a  nitidez   de contornos, é um Cb.

 - Trovões, relâmpagos ou saraiva indicam  a presença de Cb

 

        (v) Formação

Os  Cb  provêm  normalmente  de   cúmulos  (Cu)  grossos  e  fortemente  desenvolvidos,  por evolução contínua.

Os Cb provêm às vezes de Ac ou  Sc,  cujas porções  superiores  têm  protuberâncias  em forma de pequenas  torres.  Podem  também resultar  da  transformação,  e  evolução,  de uma porção de As ou Ns.

 

 

 

               .

 

 


b) Numa noite sem luar:

 

 

Ci ou Cc

 

 

 Cs

 

 Ac

 

 As  

 

  Ns

 

Sc

 

 

 

   Cu

 

 Cb

 

St

Ci ou Cc - Algumas  estrelas  brilhantes,  outras  esbatidas;  quando iluminados antes do nascer e depois do pôr do  Sol,  têm  uma cor avermelhada. O esbatimento  das  estrelas  pode ser devido a neblina ou fumo.  

 

Cs - Todas  as  estrelas  mais  ou  menos   ofuscadas   e   com contornos difusos.

 

Ac - Estrelas   obscurecidas   pelos   fragmentos   de   nuvem, desaparecendo e reaparecendo a intervalos regulares.  

 

As - Se a nuvem cobre todo o Céu, as estrelas são  invisíveis;         se  a  camada  não  é   contínua,   algumas   estrelas   são  visíveis  mas   sem   desaparecerem   e   reaparecerem   a intervalos regulares.  Se  a  espessura aumenta  e  a  base     desce, pode vir acompanhado  de  chuva;  esta  fase  será constatada por observações precedentes.

 

Ns - Altostrato (As) de altura média,  geralmente  acompanhado de chuva.  

 

Sc - SEM NUVENS POR CIMA: O mesmo que para os  Ac, mas   ás   vezes   pode    verificar-se    chuvisco.    Vento        geralmente fraco. Sobre as grandes cidades, a  superfície        inferior é frequentemente iluminada  pelas  luzes.  O  uso de bons projectores de nuvens auxiliará a identificação.                            

COM NUVENS POR CIMA: A menos que a  nuvem  se situe sobre uma zona  muito  iluminada,    será  visível com a ajuda de um projector de nuvens.

 

Cu - Só pode distinguir-se de Ac ou  de  Sc  fragmentados  se for bem desenvolvido e acompanhado de aguaceiros.

                                                          

Cb - O mesmo que para Cu, excepto que podem ser  acompanhados de trovões e/ou relâmpagos.

 

St Se a camada não é contínua há estrelas visíveis; só  pode distinguir-se de  As  se  vier  acompanhado  de  chuva   e neblina com vento fraco ou calma. Não deve  confundir-se com Sc. Pode reflectir luzes de cidades,  etc.,  e  tem aspecto uniforme. Normalmente  não  se  distinguem  os estratos "fractus" de mau tempo  devido  às  nuvens  que haja por cima.

NOTA:

É necessário cuidado quando há nevoeiro. A visibilidade   é reduzida. As estrelas podem  ser  ligeiramente  visíveis com contornos brumosos. As luzes de lâmpadas de  fila- mento metálico ficam com aspecto amarelado

 

Tabela. VII.1  Classificação das nuvens

 

 

Nuvens

Mãe

Género

Espécie

Variedades

Particularidades suplementarias e nuvens  Acessórias

Genitus

Mutatus

Cirro

fibratus

uncinus-

spissatus

castellanus

flucrus

incortus

radiatus

vertebratus

duplicatus

 

mammas

Cirrocúmulus

Altocúmulos

Cumulonimbos

Cirrostatos

Cirrocúmulo

stratiformis

lenticulares

castellanus

focus

undalatus

lacunosus

virga

mamma

 

Cirrus

Cirrustratus

Altocúmulus

Cirrrostrato

fibratus

nebulosus

duplientus

undulatus

 

Cirrocúmuos

Cumulonimbos

Cirrus

Cirruscúmulus

Altocúmulus

Altocúmulo

stratiformis

lenticulares

castellanus

focus

translucidos

perlucidod

opacus

duplicatus

undulatus

radiatus

lacutiosus

virga

mamma

Cúmulos

Cumolonimbos

Cirrocúmulos

Altostratus

Nimbostratos

Estratocúmulos

Altostrato

 

translucidos

opacus

duplicatus

undulatus

radiatus

virga

praecipitatio

pammus

mamma

Altocúmulo

Cumulonimbos

Cirrostratos

Nimbostrato

 

 

Precipitatio

virga

pannus

Cúmulo

Cumulonimbos

Altocúmulo

Altostratos

Estratocúmulo

Estratocú-mulo

stratiformis

lenticulares

castellanus

focus

translucidos

perlucidod

opacus

duplicatus

undulatus

radiatus

lacutiosus

Precipitatio

virga

mama

Altostratos

Nimbostratos

Cúmulos

Cumulonimbos

Altocúmulos

Nimbostratos

Estratos

Estrato

nebuloso

fractus

translucidos

opacus

undulatus

Precipitatio

 

 

Nimbostratos

Cúmulos

Cumulonimbos

Estratocúmulos

Cúmulo

humilis

mediocris

congestus

fractus

 

radiatus

 

pileus

velum

Precipitatio

virga

arcus

pannus

tuba

Altocúmulos

Estratucúmulos

Estratocúmulos

Estratos

Cumulonimbo

calvus

capillatus

 

pileus

velum

Precipitatio

virga

arcus

pannus

tuba

íncus

mamma

Altocúmulos

Altoestratos

Nimbostratos

Estratocúmulos

Cúmulos

Cúmulos

 

 

 

Tabela VII.2

Classificação das nuvens simples

 

GRUPO

CA

MA

DA

(av.)

Baixa

(0-3 km)

Media

(3-7 km)

Alta

(>7 km)

I

Cúmulo de Bom tempo

Cúmulo Inchado

Cúmulo nimbos (sem precipitação.)

II

estrato

alto estrato

cirroestrato

III

estrato cúmulo

alto estrato

cirro estrato

IV

(formadoras de Precipitação)

 

Nimboestrato

 

cúmulo

 

cirro

V

(não usual)

enumerados

por

separado

 

GRUPO I Cúmulos

 

Família dos cúmulos

 

São nuvens de base plana, em forma de couve-flor, com bordes nitidamente  definidos e parte superior da torres elevam-se  até diferentes alturas. As dimensões verticais e horizontais dos cúmulos são aproximadamente as mesmas. As dimensões verticais oscilam de centenas de metros  até de 20 km.. O diâmetro horizontal varia desde o tamanho de uma maçã até uns poucos km.

 

 

GRUPO II ESTRATOS

Família dos estratos

 

Aparecem em camadas com a dimensão vertical pequena comparada com a horizontal. Em tanto que a grossura de um estrato típico pode ser de 0,5-1 km, a dimensão horizontal pode variar de 10 km a 1000 km. A área coberta pela nuvem pode ser  de 1 000 000 de km2

GRUPO III CÚMULOS E ESTRATOS

 

A presença de camadas estáveis na atmosfera converte o movimento vertical em horizontal. Isto sucede com a frequência tal que merece a consideração do grupo separado.

Ao nível mais baixo  encontra-se Frequentemente  nuvens estratiformes Estas apresentam provas de células convectivas que produzem regiões grossas e finas na nuvem e determinam os movimentos de elevação e descida respectivamente. Esta nuvem denomina-se estratocúmulo.

Na camada média, o altocúmulo possuí a mesma composição  celular. Algumas vezes as células  estão dispostas em fios. Falando em geral, as regiões sem nuvens  são mas pequenas que o espaço nebulado ocupado por o ar ascendente.

 

Nos níveis superiores, por cima do nível  de congelação, persiste o mesmo modelo  de uma nuvem formada por água sobre-arrefecida alguns cristais de gelo. as células individuais de convecção parecem mais pequenas , mais isto é principalmente devido a que estão a maior distância do observador. Esta nuvem é o Cirrocúmulo.

 

 


 

GRUPO IV NUVEMS QUE GERAM PRECIPITAÇÃO

 

Nimbos é o termo que aplica-se as nuvens deste tipo. A nuvem geradora de precipitação mais comum que encontra-se  nos níveis baixos  e médios é o nimbo-estrato

 

GRUPO IV

NUVENS QUE GERAM PRECIPITAÇÃO


Fig. III. 2 Os dez géneros de nuvens



s

 

 




 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                                   
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

..